Verdes. Saladas. Clorofila. Jardim. Raízes...
Já ouvi de tudo para descrever a comida vegetariana por homonívoros.
Caracterizada como sensaborona, insípida, monótona, pouco interessante, pastosa... Enfim, um chorrilho de insultos.
Valha-nos quem mostra aos mais quadrados que há outras formas de cozinhar que não estão predestinadas às mesmas formas de provar.
A GULA
O caminho que nos fazem percorrer pelo menu de degustação é elegante e bem coreografado. Um clássico tornado sinfónico num crescendo em que os sabores seguintes se sobrepõem aos anteriores. Nunca o contrário.
Porque o trabalho com vegetais, exige respeitar as nuances e delicadezas entre eles. Nuances essas que não se encontram no bacanal proteico da carne e do peixe. O último prato quase que roçou isso mesmo. A intensidade de uma proteína. E isso é de génio.
A GULOSEIMA
O pão, a foccacia e o couvert no geral. Trocava-o por qualquer patê de Sardinha, queijo creme, manteiga e azeitonas habituais de um couvert tradicional num início de repasto.
É refrescante saber destes caminhos alternativos que nos dão certezas que poder comer em modo vegetariano não é nenhuma penitência.
O GULAG
O atendimento. Foi distante, à francesa, mas num restaurante com decor, ambiente e tipo de experiência de proximidade. Não existiu narrativa mas uma explicação robótica dos pratos.
Pouca empatia para enriquecer a jornada e para estabelecer uma ligação com os comensais. Éramos 4 e com um menor. Excelente oportunidade para esclarecer, evangelizar e pregar esta cozinha tão rica mas tão incompreendida e até esrigmatizada. Não aconteceu.
Fica apenas essa a mancha na toalha de uma refeição de excelência e de um momento gastronómico capaz de converter um predador no topo ou corromper a exatidão de um ecossistema.
@gulasdosardinha
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