Gulas@CASA_DE_CHÁ_DA_BOA_NOVA

Na Praia lá da Boa Nova, um dia, 
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a phantasia,
todo de lapis-lazuli e coral (...)

António Nobre.

Na poesia de António Nobre poeta do século XIX, vivem as recordações dos meses de verão passados em Leça da Palmeira, na Praia da Boa Nova, quando construía castelos de areia e mergulhava nas águas frescas do norte do país. 

Esta praia é agora palco de um outro poeta, que reina sobre a gastronomia de autor como poucos dos seus nobres colegas de profissão. 

Num edifício de cortar a respiração, amplo de luz imensa, plantou-se este edifício de Siza Vieira em cima do mar que se avista até ao horizonte e se salpica apenas com um rochedo onde o Poema de António Nobre ganha transcendência (em azulejo). 

A carta é de peixe, sobretudo. E não imagino muitos pratos de carne à sobreviver ao ritmado cheiro salinico e coices de iodo que nos invadem as narinas em cada rebentação. 


Interpreta peixe e mariscos como um pescador experiente e dá-lhe o toque de autor como uma assinatura do pintor no canto da sua obra. 

Os momentos degustativos dividem-se em "Cantos". Porque a nós, mortais, só nos apetece cantar após cada prova. 

Não me vou alongar muito com o que comi nem com o que bebi na harmonização desta experiência marítima. As palavras são as armadilhas da imaginação. Já as imagens, são mil dessas palavras. 

Passem por lá, tomem um chá ou comam qualquer coisinha. Vão perceber que também vocês ficam mudos.

@gulasdosardinha

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